ANALISE DO PADRÃO VOCAL DE LÍDERES RELIGIOSOS

Autores

  • Letícia Mara Conceição Da Costa
  • Márcia Lúcia Caetano Fernandes
  • Nathania Almeida Da Silva

Resumo

O líder religioso utiliza a voz para ministrar os cultos, mas nem sempre praticam hábitos vocais saudáveis. Eles costumam a gritar para chamar a atenção dos fiéis, usam elevação da altura vocal, exprimem as suas emoções por meio de choros e canto, bem como tencionam excessivamente o corpo e a laringe ao falar. Nas igrejas protestantes, o pastor é o líder religioso que conduz um grande grupo de fiéis em encontros específicos organizados na própria igreja, e recentemente um passou a existir um novo tipo de liderança nas igrejas: os líderes de pequeno grupo. Estes últimos líderes conduzem os cultos nos lares ao longo da semana. Contudo, pouco se sabe das diferenças e semelhanças do comportamento vocal entre os líderes de pequeno e de grande grupo. Objetivo: Comparar o perfil vocal dos líderes religiosos de pequenos (LPG) e de grandes grupos (LGG). Método: Este é um estudo transversal, quantitativo, de objetivo exploratório, na forma de inquérito. Foram convidados a participar deste estudo 70 líderes religiosos de igrejas evangélicas da região metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande. Para comparar o perfil vocal dos líderes religiosos foram utilizados dois instrumentos: Questionário sobre o perfil vocal do líder religioso e o protocolo de Qualidade de Vida em voz (QVV). Resultados: Nas igrejas foram observados que há uma maior prevalência de líderes religiosos de pequenos grupos, sendo que participaram deste estudo 41 líderes religiosos de pequeno grupo (59%) e 29 líderes religiosos de grande grupo (41%). A média de idade dos sujeitos foi de 35,51 anos. Ambos os grupos referiram utilizar de 31 a 60 minutos por pregação, sendo que 63,41% dos LPG realizam suas atividades de liderança apenas uma vez por semana e 63,41% pregam fora da igreja; enquanto 65,52% dos LGG fazem pregações dentro da igreja e 72,41% entre duas ou mais vezes por semana. Para os maus hábitos e sintomas vocais autorreferidos, não houve diferença entre os abusos vocais cometidos pelos sujeitos de ambos os grupos. Porém, com relação aos hábitos vocais saudáveis, eles são mais praticados pelos LGG, sendo que 27,59% realizam aquecimento vocal (p-valor 0,022), 72,41% bebem água (p-valor 0,031) e 72,41% fazem uso de microfone durante as pregações (p-valor <0,001). Este fato pode ser justificado pelas orientações profissionais recebidas pelo LGG, que foram significativamente mais prevalentes do que no LPG (p-valor 0,025). Por fim, ambos os grupos apresentaram alterações nos domínios físico e emocional obtidos no QVV, demonstrando uma alteração na qualidade de vida relacionada ao uso profissional da voz. Conclusão: Os líderes religiosos apresentaram resultados semelhantes para: maus hábitos e sintomas vocais, e alteração da qualidade de vida em voz. Entretanto, os líderes de pequenos grupos estão mais expostos aos riscos vocais, por cumprirem funções parecidas com o outro grupo e sem nenhum ou pouco recurso que possam ajudar a diminuir o esforço vocal.

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Publicado

2018-10-24

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Seção

Artigos